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Mato Grosso do Sul atinge níveis críticos de umidade

A capital de Mato Grosso do Sul atravessa dias de umidade desértica, enquanto os termômetros continuam a subir e a chuva permanece distante.

06/09/2024 18h07
Por: Redação

No campo, a terra seca levanta poeira sob os pés, e na cidade, o ar parece evaporar antes de chegar aos pulmões. Campo Grande, acostumada a invernos curtos e abafados, está sentindo na pele os efeitos de uma massa de ar quente que trouxe temperaturas de 5ºC a 10ºC acima da média histórica para o mês.

O alerta vermelho do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já não surpreende ninguém que anda pelas ruas ardentes da capital sul-mato-grossense. “A previsão é de que o calor continue até o fim da próxima semana e pode bater recordes históricos para setembro”, diz o Climatempo. Se a notícia parece ruim, há mais: a baixa umidade do ar — abaixo de 12% em algumas regiões do estado — tornou o ambiente comparável ao do Saara. E isso, segundo os especialistas, é um risco duplo, para a saúde e para o meio ambiente.

Mato Grosso do Sul no epicentro do calor - A temperatura em Campo Grande deve atingir 37°C nesta sexta-feira (6), e o resto do estado segue a mesma tendência. Em cidades como Corumbá e Aquidauana, onde o clima já é quente por natureza, os termômetros podem alcançar 41°C. O desconforto é grande e o alívio está distante: as chuvas só devem dar as caras na segunda quinzena de setembro.

Essa onda de calor, segundo meteorologistas, não é um fenômeno isolado. Há anos, as massas de ar quente chegam ao Brasil cada vez mais cedo e com maior intensidade, especialmente na região Centro-Oeste, onde se encontra Mato Grosso do Sul. “Ondas de calor como esta são cada vez mais comuns em setembro, e nos últimos anos têm ficado mais precoces e duradouras”, explicam os meteorologistas do MetSul.

Umidade desértica e seus perigos - O calor extremo é apenas uma parte do problema. A umidade do ar, ou melhor, a falta dela, adiciona uma camada extra de complicação. “A umidade do ar pode cair para valores de emergência, abaixo de 12%, em muitas cidades do sul de Mato Grosso do Sul”, alerta o Climatempo. Esse nível de secura, que normalmente é visto em desertos, eleva os riscos de incêndios florestais e tem efeitos graves para a saúde humana.

Em áreas urbanas, a secura se faz sentir na pele e nas vias respiratórias. Nas zonas rurais, ela é ainda mais alarmante, criando condições perfeitas para a propagação de queimadas. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) descreveu a situação como de "grande perigo". O solo já ressecado pelas sucessivas estiagens está ainda mais vulnerável a incêndios espontâneos, comuns nessa época do ano.

No entanto, não são apenas as queimadas que preocupam. Com a umidade tão baixa, qualquer atividade ao ar livre pode se tornar perigosa, principalmente para pessoas com problemas respiratórios. "É como respirar no deserto", comenta Ana Paula Cunha, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A recomendação para esses dias é clara: beber muita água, evitar exercícios físicos em horários de pico e manter os ambientes internos umidificados, se possível.

As consequências para a saúde e o meio ambiente - O clima seco e a alta temperatura pressionam ainda mais um cenário já tenso em Mato Grosso do Sul. A vegetação, castigada pela falta de chuva, é combustível para incêndios florestais, que se espalham rapidamente pelas áreas rurais e reservas naturais. Recentemente, o Pantanal, uma das maiores riquezas ambientais do estado, já enfrentou graves queimadas. Agora, com a temperatura recorde e a umidade desértica, o perigo de novos incêndios é iminente.

Além dos incêndios, o impacto nas pessoas é significativo. Médicos e especialistas alertam para os efeitos do calor e da baixa umidade no sistema respiratório. Problemas como desidratação, irritação nos olhos e alergias se tornam mais frequentes, especialmente entre crianças e idosos. As orientações são simples, mas eficazes: evitar exposição prolongada ao sol, beber muita água e, se possível, manter ambientes internos mais úmidos.

O que esperar nas próximas semanas? - As previsões indicam que o pior ainda não passou. A massa de ar quente continuará até pelo menos a segunda quinzena de setembro, quando uma nova frente fria pode finalmente trazer algum alívio. Mas, até lá, a seca e o calor extremo continuarão dominando o cotidiano dos sul-mato-grossenses.

Embora o sul do Brasil, incluindo partes de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, esteja prestes a enfrentar uma queda nas temperaturas, com mínimas chegando a 7°C, Mato Grosso do Sul segue a lógica oposta. O estado está no meio de um verdadeiro forno, onde as temperaturas seguem escalando e a umidade do ar permanece em níveis preocupantes.

A boa notícia é que, eventualmente, o ciclo vai se inverter. Os modelos meteorológicos indicam que a chegada de uma nova frente fria poderá trazer um alívio em forma de chuvas no final de setembro, mas até lá, a população deve continuar enfrentando o calor sufocante e a secura que domina o ar.

Um setembro memorável (e não no bom sentido) - Setembro de 2024 já está sendo descrito como um dos meses mais quentes da história recente do Brasil, e Mato Grosso do Sul é um dos estados que mais sofrem com esse fenômeno. O clima extremo coloca à prova não apenas a resistência física dos habitantes, mas também a capacidade do estado de lidar com os riscos ambientais crescentes.

Para quem mora em Campo Grande e no interior, o desafio é se proteger desse calor recorde e da secura implacável, enquanto o estado espera pela chuva que insiste em demorar a chegar.

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